Rio de Janeiro - Zona oeste por Fernanda Mano

Hello viajeiros,



Sou carioca e moradora do de Janeiro há 26 anos. Explico logo: de Janeiro é uma piada interna de moradores da Zona Oeste em resposta  ao bairrismo ditatorial da Zona Sul que prega que este lado de cá do Rio de Janeiro não é Rio.  Ok, assim sendo, moro no de Janeiro feliz e contente.

Minha missão hoje é montar um roteiro por esse lado da cidade que oferece surpresas e particularidades dificilmente encontradas por outras bandas. Praias selvagens, restaurantes pé na areia, roteiros de bike, caminhada, trilhas, pontos para rapel. Já deu para perceber que para curtir o lado de cá, tem que ter disposição para a vida diurna e o contato com a natureza, né?

Antes de mais  nada, um pouco de geografia: Zona Oeste é tudo aquilo que fica depois do Elevado do Joá, que liga São Conrado (de onde se pula de asa delta) a Barra da Tijuca, abrangendo o grande bairro de Jacarepaguá, as Vargens, chegando até lugares mais afastados depois da Serra da Grota Funda, Campo Grande e Santa Cruz, já no caminho da Rio – Santos.

Nosso roteiro começa do lado de lá da Serra da Grota Funda, em um sub - bairro de Campo Grande, chamado Barra de Guaratiba, bem próximo a Restinga de Marambaia. Aliás, é possível ver a Restinga do seu lado direito na estrada que dá acesso a Praia de Guaratiba.

Fonte: acervo pessoal. Restinga de Marambaia vista do hotel 
Les Relais de Marambaia. Ótima pedida para casais em lua de mel.

Nosso destino: Praia do Perigoso. De perigosa ela não tem nada. Leva esse nome pois diz a lenda que ali era o acampamento de um sujeito bandido que morava na região. É legal chegar cedo, por volta das 7.30 da manhã e deixar o carro próximo a Praia de Guaratiba. O lugar enche bastante depois desse horário e fica mais complicado achar vaga. Se você não estiver de carro, existem linhas de ônibus que atendem a região, mas sinceramente não recomendo. Elas fazem um giro ao mundo e demoram muito para passar. Vale a pena alugar um carro por um dia para fazer esse passeio.  Leve também água para manter a hidratação, e comida, pois você pode querer extender sua estada na praia por algumas horas e não há nenhum lugar para comprar suprimentos no caminho ou na praia. Recomendo tênis para trilha e roupas leves de caminhada. A menos que queira acampar no Perigoso (o que é possível e permitido) nada de mochilas de trekking ou coisas pesadas do gênero, POR FAVOR!!

Saindo da praia, basta pegar uma das ruas que sobem para as casas e perguntar pela trilha do Perigoso. Boa parte dessas ruas desemboca no mesmo lugar, uma escadaria que dá acesso a trilha, mas é sempre bom confirmar o caminho para não dar voltas desnecessárias. Esse bairro é um grande emaranhado de casas, cheio de vielas e ruas sem nome, então é um pouco complicado traçar um mapa preciso. O melhor jeito é perguntar mesmo para os locais.

A trilha dura cerca de meia hora e oferece uma vista espetacular das águas e ilhas do lado oeste da cidade. No caminho você encontrará dezenas de pescadores retornando com a féria da noite e várias outras pessoas fazendo a trilha no mesmo sentido que o seu. Esse caminho dá acesso a outras 3 praias: do Meio, Funda e Inferno. Essas, junto com a Praia do Perigoso formam o conjunto das Praias Selvagens. Todas valem uma visita, porém cuidado: a única realmente acessível por conta própria é a Praia do Perigoso. Para chegar as demais, é melhor contratar um guia experiente, pois o caminho não é trivial. Ao lado da Praia do Perigoso fica a Pedra da Tartaruga. Ali você pode fazer rapel, sempre com um guia pré contratado.

Fonte: acervo pessoal. Praia do Perigoso vista da trilha que
segue para a Praia do Meio. Ao fundo, Pedra da Tartaruga.
Fonte: acervo pessoal. Praias Selvagens, vistas do alto da trilha que
sai do Perigoso. Cada reentrância da pedra é uma praia diferente. Ao fundo,
no pé da última montanha, está a Praia de Grumari.

Retornando do Perigoso, vale uma parada para observar a Restinga lá do alto do morro. Saindo da trilha e virando para a direita tem um pé-sujo (bar) que oferece a melhor vista da região. Aconselho comer amendoins industrializados. 


A pedida para o almoço é o restaurante Point de Grumari (Estrada do Grumari, 710). Uma casa rústica com uma vista espetacular dos mangues de Campo Grande e da Restinga de Marambaia. O menu é de frutos do mar, sempre frescos e deliciosos. Os pastéis são uma delícia e as moquecas também. Mas a verdade é que nunca pedi algo ali que não tenha me agradado. 

Fonte: aquiFrente do Point de Grumari. 

Fonte: aquiVista do Point.

Saindo do Point, continue descendo a Estrada de Grumari e chegue até a praia de Grumari. Esta praia é frequentada desde a década de 70 por poucos grupos de pessoas, geralmente militares que tinham acesso a Restinga da Marambaia, mas queriam explorar a região. Até hoje a frequência de Grumari não é muito trendy, geralmente composta por famílias ou uma galera mais roots,  bicho grilo. O mar aqui é bem forte e não existem bombeiros de vigia, então, não se arrisque demais caso decida mergulhar. Seguindo em frente, pouco antes da subida da serra seguinte, existe a Praia do Abricó. Se sua vibe é pegar uma praia naturista, peladão (:O), esse é o seu lugar. Reza a lenda que, como toda praia de nudismo, essa também é frequentada só por gente tranquila e respeitadora. Como nunca fui, não posso confirmar.

Prepare-se para o cenário a seguir: a vista do alto da curva da estrada que sai de Grumari e dá acesso a Prainha é de tirar o fôlego. Em um dia claro, a visibilidade é de cerca de 30 km, ou seja, você irá ver do alto a Prainha, Praia da Macumba, Pontal, Recreio dos Bandeirantes, Praia da Reserva, Barra da Tijuca e Pedra da Gávea.  Eu, como curto pedalar, faço essa orla toda pela ciclovia cedinho e vou olhar o sol nascer desse ponto. Mas esse é um outro passeio, tema de outro post. Por hora ficam só as fotos:

Fonte: acervo pessoal. Vista para as Ilha das Palmas e 
Ilha das Pecas, de frente para Grumari. 



Fonte: acervo pessoal. Vista para Recreio e Barra. 


Fonte: acervo pessoal. 7 da manhã com Praia da Macumba e
Floresta da Tijuca ao fundo.  Do alto da Estrada que dá acesso a
Prainha pelo lado do Recreio. 


A Prainha é o reduto dos surfistas cariocas dos anos 80 e 90. Bem, na década de 70 já tinha uma pá de gente pegando onda por  ali, mas a praia queridinha da época era o Arpoador. Por ficar entre duas grandes rochas, a Prainha forma um canal para o movimento do mar e produz ondas de um tamanho bem considerável. Outra sugestão de restaurante para almoço é o Restaurante Mirante da Prainha com vista bacana, mas a comida não é tão espetacular quanto a do Point.

Fim de tarde, a pedida é uma passada na Barraca do Pepê, no Posto 2, Barra da Tijuca para um suco e o pôr do sol. Point da galera do açaí, academia e esportes da praia da Barra há mais de 30 anos, o Pepê reúne diariamente os jovens e nem tão jovens assim em um quiosque muito simpático com comida saudável e atendimento bem ok para o padrão do Rio E do de Janeiro.

Fonte: acervo pessoal. Pôr do sol no alto verão, 
na frente da Barraca do Pepê. 

Para jantar, uma boa pedida ainda na pegada saudável é a primeira casa do restaurante Balada Mix, no Jardim Oceânico (Avenida Érico Veríssimo, 805). Menu variado de saladas, sanduíches, pizzas, omeletes, sucos tudo feito com muito capricho e bom gosto. Os pratos são fartos, então se você come pouco, aconselhe-se com o garçom sobre o que pedir. Uma coisa bacana do Balada é que mesmo sendo um restaurante de rede, eles permitem que você monte seu suco como quiser. Eu gosto muito do Cacau com Uva, Melancia com Limão e Água de Coco com Limão.

Se estiver procurando algo mais sofisticado, o Duo fica na mesma rua (Av. Érico Veríssimo, 690), a poucos metros do Balada, e oferece uma seleção impecável de pratos italianos e uma carta de vinhos bem honesta. Mais adiante também estão os clássicos paulistas Bráz e Gero. Mas caso você ainda tenha fôlego para mais frutos do mar, o restaurante Nativo (Av. Lúcio Costa, 1976) oferece uma experiência bem praiana. Ele fica a beira-mar, tem uma culinária mais elaborada que o Point, mas um sabor bem adapto a paladares ecléticos.

Como opção de diversão noturna, a Rua Olegário Maciel oferece alguns bares. O 399 (Av. Olegário Maciel, 231) fica sempre bem cheio, com gente de todas as idades. Outro lugar legal para um drink é o Taco & Tequila, bem do ladinho do 399. Os dois são locais mais de badalação. Se você curte um pé-sujo (copo sujo, bar fuleiro, etc), a Padoca, bem de frente para o 399, é o seu lugar. Uma das padarias mais antigas da Barra da Tijuca, começa a juntar gente a partir das 4 da tarde e vai feliz pela madrugada a dentro nas sextas e sábados.

Para quem tem uma energia mais tranquila e prefere um ambiente bem calmo,  o Vice-Rey (Av. Monsenho Ascâneo, 535), no mesmo quarteirão do Nativo, tem cervejas artesanais produzidas ali mesmo em pequenos barris. A disponibilidade do tipo de cerveja fica a critério do dono do local, ou seja, nem todo dia tem a ruiva, minha preferida. Mas todas são bem gostosas e valem a parada. O único porém é que o Vice-Rey dá frente para a famosa rua das “meninas do Ronaldinho”. O desfile das “moças” pode ser motivo de risadas ou não, dependendo do seu senso de humor, então pense bem antes de ir. O fato é que “elas” JAMAIS mexem com quem está no restaurante. Sequer fazem caso da existência de gente ali, pois seguem o que parece ser um código de “etiqueta” comum a todas as trabalhadoras desse ponto. Bem diferente do que acontece em diversos restaurantes a beira mar em Copacabana.

Mas na verdade, minha opção preferida para a noite aqui no de Janeiro é comprar uma garrafa de vinho em um dos mercados da região (o Zona Sul tem sempre uma boa seleção), conseguir duas taças (eu levo meu kit taças + abridor), e caminhar pela areia em boa companhia ouvindo as ondas quebrarem.

Valeu gente, até a próxima!

Fernanda Mano
www.facebook.com/fernanda.mano

Comentários

  1. Esse final de semana fui no Point do Grumari com meu pai, AMEI! A vista é linda, a comida é ótima. O problema foi termos escolhido um dia lindo demais, calor demais, cheio demais e engarrafado DEMAIS! Mas mesmo assim foi um belo passeio...

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